domingo, 4 de abril de 2010

Será que isso que a gente chama de amor se passa sempre fatalmente em dois níveis? O da fantasia, da emoção real, poética - e o da realidade que descamba para a agressividade, para a dureza? Por que, na segunda-feira, eles (nós) não revelam a carência do fim de semana e se dizem coisas duras? Realmente, por que, afinal? Se não seria mais fácil se a verdade pudesse fluir? Um pouco mais além: mas será que a verdade poderia mesmo fluir? Será que a verdade e a fluência não se opõem, contrapõem?

E coisas como: amor existe mesmo? Ou só existe o permancer de braços abertos, pronto (a) a receber alguém que nem sequer chega a tomar forma? E quando alguém, no plano real, toma forma, a gente imediatamente projecta toda aquela emoção presa na garganta do sonho. E fatalmente se fode, porque está tentanto adequar/ajustar um arquétipo, uma imagem de toda a nossa infinita carência, nossa assustadora sede, a uma realidadezinha infinitamente inferior...


[...] Há demônios às vezes incontroláveis que me vêm a tona.

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